Rua de Mão Única

"Para os grandes, as obras acabadas têm peso mais leve que aqueles fragmentos nos quais o trabalho se estira através de sua vida" - Walter Benjamin

quinta-feira, abril 20, 2006

 
El descenso - Carmelo Sobrino

Cão chorando sobre o leito de um rio

Naquele fim de mundo, onde qualquer gesto, ato ou fala, era comentado, deveria ele ter cruzado a sala, lançado um olhar sobre o corpo e, beijando-lhe os lábios, dizer-lhe adeus? Não estavam as lágrimas nos lenços, os filhos consolados pelos parentes, as velas quase no fim, as rezas perdidas no ar, a esposa amparada e a alma encomendada? Entretanto, assim como não havia neve na janela nem jamais haverá, preferiu calar-se; e, num canto, aguardar a sua vez.

(do livro "Perambulando pelo caos" - série - amores # 15)

Comments:
amores que deixamos clandestinos... deixar os segredos nas montanhas... mundo bobo este o nosso!
um beijo
 
E ela vai chegar.
Pra você, pra mim e pra ele.
 
Muito bom!

*CC*
 
Ver a morte de longe é algo que me encanta, mas já perdi muitos meus, sei que é ferida imposta, que jamais cicatriza. Amei...
 
'neve na janela'... 'nunca haverá'. Penso que nada acontece atoa (à toa). Algum dia haverá neve na janela porque este é um mundo mutante e alguns atos 'plantados' outros colherão. Para ele nunca haverá neve na janela. O que importa é que ele ali era só mais um perante a fila, mas dentro dele era o personagem principal.
Abraços Claudio, bom feriado
 
, texto intrigante. interessante. a cada leitura tiro uma conclusão. almas encomendadas a esperar a sua vez...
|abraços meus|
 
Muito bom. Contos curtos mas com grandes histórias.
parabéns.
http://cartasintimas.zip.net
http://dudve.blogspot.com
 
algumas espécies de amores enterram-se mesmo, quer seja no fim do mundo, onde judas perdeu a bota, e às vezes, na redondeza mesmo. grande abraço.
 
Cláudio, és um especialista em "instantâneos". Em cada um, a semelhança a fagulhar o suficiente para o reconhecimento. Para um benjaminiano, o benjaminianês fará sentido, certamente. Em outras palavras, meu caro, captas a alma de quem lê, uma alma aurática, talvez, apreensível apenas na fagulha, vá lá que seja.
Gostaria de saber se eu disse algo. Aguardo.
Forte abraço!
 
Claudio, sua maneira de narrar este evento se assemelha ao modo como o fazia Guimarãres Rosa. Não me refiro a uma passagem específica do conto. Mas a sua essência. Gostei muito. Você alcança nas suas pequenas narrativas um grau de beleza muito raro.
beijos.
 
São aqueles momentos que não sabemos exatamente como agir, quando as reações são reanalisadas, imitamos um filme ou guardamos para nós os arroubos de emoção? beijos de mim
 
emudecer assim, cala a alma, os ossos, a vida...
 
é nos fins de mundo que encontramos os devidos fins: o desviver: e agora?
 
se a gente pudesse mesmo ter a medida exata e somente aguardar a vez...

viveríamos um dia, após o outro...sem sofrimento...

uma busca, sempre.
 
Bem, as vezes saber esperar é um dom.

Abçs, amigo.

Bom inicio de semana.
 
Isso beira deliciosamente o non-sense, non-sense, mas cheio de sentido. Only you, Claudio!
abçs
Ilidio
 
De certa forma, acho que me vi nessas tuas linhas... nunca soube o que falar, o que pensar ou o que dizer em situações como essa. Mas resolvi o problema. Não vou mais a enterros. E ponto final.
Beijos
 
De certa forma, acho que me vi nessas tuas linhas... nunca soube o que falar, o que pensar ou o que dizer em situações como essa. Mas resolvi o problema. Não vou mais a enterros. E ponto final.
Beijos
 
Muito bom, muito bom...
 
Que coisa, como mexem comigo as tuas cenas. Quedo-me muda, os olhos secos, a língua saburrenta, esperando a minha vez.

Abraços e parabéns pela intensidades
 
Que beleza!
rapaz, eu me vi ali. Comovente. bj laura
 
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