Rua de Mão Única

"Para os grandes, as obras acabadas têm peso mais leve que aqueles fragmentos nos quais o trabalho se estira através de sua vida" - Walter Benjamin

domingo, março 05, 2006

 
Evocando la distancia - Maria Elena Duque

Decifra-me

Da janela do vigésimo quinto andar, gostava de observar a vizinhança. Curioso, passava horas admirando o vai e vem das pessoas. Embora fossem muito coloridas, alegres e barulhentas, não conseguia compreender de onde arrancavam tanta energia. Mesmo debaixo de raios e trovões, continuavam circulando. Mesmo debaixo de artilharia pesada, rajadas de fuzil, estrondos de granadas, morteiros e outros artefatos bélicos, prosseguiam gozando de uma liberdade que para ele terminava quando a mãe, desesperada, aos berros lhe gritava Menino, sai dessa janela!

(do livro "Perambulando pelo caos"-série - urbanidades # 22)


Comments:
Sutil, belo...Ah! Um deleite!
 
Obrigada por sua visita, e por suas belas palavras traduzidas neste texto. Por onde ficou sabendo do meu blog? Já me conhece de outros trabalhos?
Beijos!
 
TEus textos, li os últimos , são maravilhosos, adoro!
bj laura
 
Depois de uns dias em que estive, por força de algumas circunstâncias, afastada dos blogs, inclusive do meu, vim correndo aqui neste canteiro para apreciar as novas obras ... Sua palavra me arrebata. Bjs.
 
Não do conteúdo dos seus textos serem excelentes, o que me fascina é o tamanho deles, o poder da síntese. É maravilhoso como você consegue isso!
Quando sai o livro?
 
Corrigindo a primeira linha aí em cima: "Além do conteúdo dos seus textos serem excelentes..."
 
Ah, só pra te avisar, tomei a liberdade de te linkar, ok?
Beios!
 
olhos fixos no teto do quarto, era assim que escapava aos adultos e seus mundinhos tristonhos e sem cor - foi num daqueles dias enluarados pela noite, que de tanto sonhar, o menino inventou buracos no céu [das suas asas,brotam meu sgirassóis]

sempre bom ler você!
 
Sempre as janelas par nos escancarar o mundo... e sempre uma mãe para escondê-lo!
Muito bom Claudio.
Abraço do gerald
 
Ótimo Cláudio,
As vezes do vigésimo quinto andar vemos melhor, mas não abuse da janela menino! ABS Agg
 
, com tantas personas a circular, o menino deseja avoar. pairar nos ares e olhares.
|abraços meus|
 
Querido! Nada como uma janela para ficarmos fora do mundo, tal qual anjo em sua nuvem discordando das barbáries dos homens, é como um observatório...beijos de mim
 
este menino....uma parte dele(a que me cabe) sou eu.... agora....este texto anterior...é meu! (tomei-o)
beijo
 
Eita que Cláudio "ataca" outra vez. Tiro sempre certeiro. Sem a piedade das mães que tiram os filhos das janelas. Ao contrário: nos coloca nelas. Muito bom! Bjos.
 
hora ou outra, cedo ou tarde, o menino sai da janela, sem nem mesmo a mãe chamá-lo, desce pra rua. vai pra "guerra". Ah, pegando carona, aviso-te que, silenciosamente, li todos os seus históricos. 1 abraço.
 
Oi!

Gostei.

*CC*
 
As suas janelas são mesmo perigosas, meu caro. De uma maneira geral elas enfeixam umas imagens arrepiantes, mas por algum motivo que eu desconheço (por isso a riqueza do seu texto)elas também amortecem as imagens da terra devastada que comumente vemos. Pelas nossas janelas. As suas descerram a nossos olhos um outro arrepio.
abçs
Ilidio
 
Acertou-me feito bala perdida.
Beijos,
Ana
 
Um paradoxo amirável, esse de lierdades bélicas a preço de cárceres humanos. Admirável apenas em tua poesia sempre mimética.
 
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