Rua de Mão Única

"Para os grandes, as obras acabadas têm peso mais leve que aqueles fragmentos nos quais o trabalho se estira através de sua vida" - Walter Benjamin

domingo, maio 21, 2006

 
Vaca dando vuelta - Edgar Leon

Boi, boi, boi...

Horas atrás, as mãos tão firmes e seguras levantavam poeira num Deixa comigo! Agora que estava ali já não sentia mais vontade. Perdera completamente a coragem. Tremendo como uma vara verde, os pés mal conseguindo tocar o chão, apelou para sua condição de novato, implorando para que outro tomasse seu lugar. Ora, a noite mal havia começado e borrava-se todo diante da primeira vítima? Matasse a pau, mas cumprisse o combinado. Afinal, ratos, gatos e cachorros, quem vai sentir saudades? A meninada permanecia quieta, aguardando, enquanto o bichano, amarrado pelo pescoço, pulava pra lá e pra cá, amedrontado. Impaciente, Jorge, uma espécie de irmão mais velho, tomou a dianteira e, sem pestanejar, disparou É assim que se mata animal!

(do livro "Perambulando pelo caos" - série - infâncias # 15)

Comments:
A fúria ensandecida de homens, selvagem e destruídora, foge a minha compreensão, me abala profundamente e atiça minha fúria.
Desejo que morra o que mata...
Carinhos meus
 
Oi LUZ!
Cacete!
Gostei muito. Mesmo.

*CC*
 
Matar inocentes está proibido... mas então todos devem morrer. Mesmo animal: fatal.

Abçs, amigo afiado.
 
Oi, Cláudio
É bom encontrar alguém que goste de literatura. vim retribuir a visita ao Bala. Tb gosto muito de fragmentos. Coloco de vez em quando no meu blog.
grande semana e grande abraço
 
eis a coragem de quem ficou, começar não é fácil...depois do primeiro golpe, tudo vira rotina.
um beijo querido

no coração
 
Claúdio,
domingo, fim de noite, depois de uma semana cheia de trabalho, viagens...seleciono os blogs que preciso e gosto de ler. E aqui me reconforto nestes seus escritos. Obrigado pelo que você escreve.
 
, vítimas. não se sabe o que é pior
:ter noção da violência tanto com seres humanos como animais.
:ou fingir que nada acontece...
|abraços meus|
 
Há sempre um Jorge a abrir caminho para a violência. Quantos deles o abrem agora, neste exato instante?
Abraços de Belém!
 
Pragas ou deuses, por mais que se chora, abrimos nosso caminho neste mundo, e para sempre, irá ecoar os urros dos que golpearam e o uivo dos que tombaram....

Um belo escrito!!! belo mesmo!!!

Um grande abraço,
Aerodrama.
 
porrada!
 
Meu pai dizia, quando vivo (é claro): "Não mato uma galinha, se estiver com fome. Mas se um bandido ameaçar alguém de minha família... o dedo não pensa duas vezes."

Talvez o instinto fosse o dedo; ou o sentimento um entrave.

Talvez não lhe faça muito sentido... Mas lembrei dessas coisas ao ler o que publicou.

Bons ventos.
 
Chamo isso de 'o instinto moral se sobrepondo ao instinto animal'.
 
"O pai trouxe do campo um filhote de urubu. Ele é branco e já fede."
(Manoel de Barros)
trabalho é trabalho e morte é morte!
beijo
 
ótimo, como sempre. bj laura
 
O que dizer para vo você, perfeito!!!!!!!!
http://dudve.blogspot.com/
 
Nem sei sua idade (nem quero saber), mas na minha o som desse título vinha acompanhado de um "boi da cara preta"... para mim, moleque, isso era terrível, não pelo boi, muito menos pelo preto, mas sobretudo pela careta...essa era foda. Como isso aqui: " Impaciente, Jorge, uma espécie de irmão mais velho, tomou a dianteira e, sem pestanejar, disparou É assim que se mata animal!" Ninguém é tão forte assim.
abçs
Ilidio
 
o meu boi, boi também tem a cara preta. embora menino, também temo a careta. para piorar, claudio, sou eu o irmão mais velho. ainda assim, farei o que tiver de ser feito - e bem feito. eita, que aqui a pancada é peso-pesado. 1 abraço
 
E confirma-se o que sempre digo, o homem nasce negro, e se molda para ser falsamente bom. A natureza (des)humana é cruel, não mata para sobreviver, mata por prazer, pra demonstrar poder.
Beijo!
 
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