Rua de Mão Única

"Para os grandes, as obras acabadas têm peso mais leve que aqueles fragmentos nos quais o trabalho se estira através de sua vida" - Walter Benjamin

sexta-feira, junho 16, 2006

 

Sem título, autor desconhecido

Kaya

Sentado num canto da escadaria, ora fechava, ora abria os olhos. Primeiro pensou ser amigo, depois inimigo. Quem é esse maluco? Ao longe, risos e gritos. Gente correndo, crianças se escondendo. Só podia ser brincadeira. Com visível ódio, atirou uma pedra. Nada. Ouviu alguém lhe chamando Quer conversar comigo? Cheio de coragem, tenta se erguer, porém, as pernas não cooperam. Sem saber onde se agarrar, a cabeça gira, rodopia. Entorpecido, distingui às cegas, onde, até a pouco, projetava seus devaneios, uma silhueta. Não acredita É você?! O chão, outrora tão estável, agora se derretia, e o céu, todo iluminado de uma luz intensa, dançava convulsivamente; talvez fosse realmente o fim.

(do livro "Perambulando pelo caos" - série - infâncias # 17)

Comments:
A ilusão proporcionada por Kaya pode desvendar medos guardados em esconderijos da alma, disfarçados em luzes de alegria...
Bjs pra ti
 
Excelente como sempre...
http://dudve.blogspot.com
http://dudu.oliva.blog.uol.com.br
 
, devaneios, devaneios...
talvez o fim ou o início, quem sabe o meio. enquanto isso a luz dança...

|abraços meus|
 
Contos como esse são raros hj em dia. Trabalhos que requerem interpretação.
gd ab
gd fds
 
eu sempre penso se depende de como somos, quem vem nos buscar...
e do quanto pode dar vontade de ir...
e daí a gente morre uma morte boa.
um beijo
 
Ou o começo do novo...
Só você sabe!
 
vi o céu bailar iluminado, agora...

Belo!

[]´s
 
quão difícil mesmo deva ser distinguir, identificar, enxergar luminosamente o fim. a quantos de nós poderá ser dada essa dádiva?
1 abraço
marcos
 
Que desconserto enorme causado pelo 'outro'...!
Li o "Questão" (vou comentar aqui, tá?): achei interessante quando você escreveu "Nenhuma novidade, nenhum sobressalto. Mas, está tudo bem."... Gostei desse "mas", ele valorizou a novidade e o sobressalto inexistente... Pelo menos, assim eu achei! ;) Um beijo.
 
o fim em flashs, ou devaneios, talvez. quiçá doloroso, ou aliviante? sua literatura sempre da melhor qualidade e sempre a nos instigar da melhor maneira possível. abraço.
 
Devaneios incandescentes, as palavras atravessam minhas esquinas e meu chão também derrete.

Sempre assim: preciso.

Abçs
 
Sabe que já tive essa ilusão, risos, coloquei no papel em dois textos, um poema "Quando se é verde", e num conto "A mulher da sala de jantar".
Isso é muito lindo, saber se reencontrar, beijos!
 
O Fim ronda a todo instante....

Muito bom!!! Como sempre, um exercicio para nossa capacidade de criar imagens e cenários.

Um grande abraço,
Aerodrama.
 
Será que ele acha que é realmente o fim? Sei não...sei não..rs
abçs
Ilidio
 
Olá Claudio
Deixo meu abraço..e obrigada por sua amizade.
habeijos
 
o fim às vezes se apresenta no cruzar de olhos de um encontro inesperado.

boa semana pro sr moço.
 
Se a instabilidade do solo não é apenas uma consequência das pernas, e se a luz e dança convulsiva do céu não é consequência psicológica, temos algo objetivo e, portanto, de proporções cósmicas. Mas um jogo subjetivo/objetivo não se resolve. E aí está o segredo. Escatologia individual ou universal? Tanto faz. Bom - de novo, Cláudio!
 
Claudio Eugenio,

que coisa! Sabe do quê acabei de me dar conta? Ainda não tenho o teu link, lá no Lua. Falha grave, esta. Vou providenciar. Outra coisa, agora, voltando à Palavra: quero te ler devagar. Depois te digo.

Beijo, obrigada pela visita.
 
Que ilusão entorpecedora!
 
Passando para convidá-lo para conhecer meu novo blog:
http://calamidadevisceral.blogspot.com/
 
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