Rua de Mão Única

"Para os grandes, as obras acabadas têm peso mais leve que aqueles fragmentos nos quais o trabalho se estira através de sua vida" - Walter Benjamin

sexta-feira, setembro 22, 2006

 

Caatinga

Uma gargalhada atravessa a madrugada. Não há palavras. Não há pai, não há mãe. É domingo e Deus está morto. Transfigurado, ainda sente nas mãos o calor da hora. Tem as pernas arranhadas e os braços como chumbo. Não tem medo; antes, nojo. Pois batera nela com tanto ódio, até arrancar os olhos no meio do mato escuro, frio e estupidamente tranquilo. Mas tinha a lua crescente no firmamento sussurando em vão o seu nome. E não havia rádio, nem televisão, para transmitir ao vivo desse fim de mundo.

(do livro "Pessoas bonitas acordam tarde")

(ilustração sem título, autor desconhecido)

Comments:
Solidão nunca dá ibope, caríssimo. Violência, ao reves, está sempre em alta. Resta saber: solitude é uma forma de violência?

Abçs deveras apertado (e sem tapinhas formais nas costas ou nos ombros), inté.
 
Porrada não carrega conceito, a boa porrada é só um jeito, a porrada ruim faz parte daquele catálogo cheio de preconceitos. Eu não estou me referindo àqueles que dão nas mulheres, mas das mulheres que enchem de porrada seus homens. Viu? Quem começou lendo esse comentário vestiu-se inteiro de preconceito. Só que não existe blog, rádio, casamento, namoro, nem televisão, que transmita ao vivo como terminam as porradas e suas respectivas servidões. Ah, sim. Tem o Claudio, o autor, que não tem medo, só nojo, para explicar como as palavras deixam de funcionar para dar lugar a essa coisa sem conceito.
abçs
Ilidio
 
violentíssimo, meu caro. mas apesar disso, esse fato não existiu, existe ou existirá. pelo prosaico motivo de que "não havia rádio, nem televisão" para conceder-lhe o alvará da existência.
1 grande abraço e minha desavergonhada admiração.
 
, caatinga que se torna cantiga de fim de mundos. de sonhos. de ideais e a lua inda canta em fimamento...
|abraços meus|
 
"É domingo e Deus está morto". estou sem palavras... demais.
 
Um belo conto repleto de esteriótipos e metáforas explendidas.
 
tua palavra sempre lapidar.

sds
 
"lua à vista
brilhavas assim
sobre auschwitz?"

é que ela está sempre lá, e tua prosa sempre me traz aqui.

[]´s
 
Passei pra te ler, deixar um beijo e responder seu último comentário lá no blog: legal saber que você gosta do Radiohead. :)

Um beijooo!
 
haverá TV para transmitir o fim...deste... mundo?
beijo
 
trágico... mas belíssimo...
 
Impressionante como esse texto transmite a violência sofrida pelo nosso protagonista. Muito bom!
 
Claudio: fecharemos os olhos pra não ver o horror do fim de td!
emocionante texto...adorei!
Abraços e obrigada pelo carinho no meu Cotidiano.
 
Seus textos curtos e densos fazem viajar, não são enfadonhos, como os meus!
Beijos!
 
mundo sem fim; sangue manchado de lua.
 
"É domingo e Deus está morto"
Sem comentarios. Isso soou como uma tapa na cara. muito bom!
 
Oi!
Muito bom, como sempre.
Abraços do *CC*
 
Nossa, que forte!
 
Claudio: já acertei a configuração no meu Cotidiano,ok?
Abraços e uma boa noite de quarta-feira pra vc.
 
uau! de arrancar os olhos então?!
tem dias que eu ficava assim...rs!
hábjs!
(gostei do haver!)
 
Oi Claudio,
E "se não há palavras", então, não há entendimento alcançável...

Forte e belo, com certeza!...

Beijo.
 
Essa terra seca que enche nossos olhos de desamparo... Texto forte e tão real...

Obrigada pelos comentários, querido Claudio!

Beijos!
 
Grande Claudio,

Desculpe a demora na resposta, felizmente muito trabalho. Me manda um mail que a gente combina sobre a collage.

Um abraço!
P.s Te linkei no blog, ok?
 
Oi Cláudio, texto direto, linguagem essencial e de rico conteúdo. Belo e forte, apenas repito o que já foi dito. Grande abraço.
 
Textos como este sempre me deixam pequena, insignificante... e impotente.
Beijos
 
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